Entrevista com o Almirante Joseph W. Rixey, diretor do Navy IPO
- Post 31 Agosto 2011
- By Super User
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O Diretor do Navy International Programs Office (Navy IPO, Escritório de Programas Internacionais da Marinha dos Estados Unidos), Contra-Almirante Joseph W. Rixey, esteve no Brasil na segunda quinzena de agosto de 2011, discutindo com autoridades militares brasileiras vários temas de relevância para o setor no cenário atual. No dia 25, durante sua passagem pelo Rio de Janeiro, o Almirante concedeu uma entrevista.
Ao lado Contra-Almirante Joseph W. Rixey, diretor no Navy International Programs Office (Foto: USN Official).
O Navy IPO tem por missão promover, tornar possível e sustentar um crescente conjunto de parcerias marítimas e repassar capacidade militar através de Programas de Cooperação em Segurança e Armamentos, que suportam a estratégia de segurança dos Estados Unidos — e, além disso, proteger tecnologias críticas. Assim, o IPO gerencia e implementa programas de Assistência em Segurança, programas de Desenvolvimento Cooperativo e a política norte-americana de Segurança de Tecnologia. O Almirante Rixey explicou que essa era sua primeira viagem ao Brasil, acrescentando que estava vindo de Brasília, onde já havia feito contactos com autoridades brasileiras.
“Para nós, o Brasil é um parceiro-chave, tanto que a minha visita se segue à do Presidente Obama e à do Comandante de Operações Navais da U. S. Navy”, disse ele.
Perguntado exatamente qual a razão principal de sua visita, o Almirante explicou que “Está sendo discutindo entre o Ministério da Defesa e o Department of Defense a estrutura de um acordo que pautará nosso futuro relacionamento e que será válido para qualquer ramo das Forças Armadas. Trata-se de um Master Information Exchange Agreement”.
Ainda segundo Rixey, “Esse acordo abrirá as portas para troca de tecnologia e conhecimentos”.
Segundo ele, “Foram também discutidos programas de vendas de material militar atualmente em andamento, e também futuros. Isso é parte do pacote do governo americano para suporte em segurança, e que é de particular relevância para materiais como o do torpedo Mk.48 e dos helicópteros S-70”.
Ao lado Perguntado sobre programas de venda de material militar ao Brasil, o Almirante Rixey confirmou que “há um case em estudo para torpedos Mk.46” (Foto: USN, Mass Communication Specialist 3rd Class Betsy Lynn Knapper/Released).
Com relação à transferência de certas tecnologias ligadas ao F/A-18E/F Super Hornet, o Almirante Rixey declarou que “Todos os itens de transferência de tecnologia expressos na proposta americana têm a garantia do governo americano... temos cartas do Congresso e garantias do Department of Defense de que essas transferências serão efetivamente realizadas”.
Questionado sobre em que áreas os Estados Unidos poderiam se beneficiar de tecnologia brasileira, o Almirante respondeu que uma delas seria a de biocombustíveis. Com respeito à construção naval, apontou que “há uma significativa oportunidade para desenvolvimento e produções cooperativos”. E continuou: “O potencial é tremendo — nos Estados Unidos vemos o Brasil como uma potência econômica”.
À direita O Almirante Rixey repetidamente garantiu que todas as transferências de tecnologias previstas na proposta de fornecimento do Super Hornet ao Brasil serão efetivamente cumpridas (Foto: USN, Mass Communication Specialist 2nd Class Josh Cassatt).
Sobre a indústria de defesa nacional, apontou a Embraer como “um exemplo”. Enfatizando que a razão de sua visita foi o aprofundamento das discussões sobre o Master Information Exchange Agreement, afirmou que tal acordo abre as portas para cooperação e troca de tecnologia e de ciência. “O acordo cobre várias áreas... C4I, por exemplo... ele permitirá que, se o Brasil quiser trocar informações a respeito de C4I, basta fazê-lo diretamente, de forma bem ágil e direta, cortando muita burocracia”.
Inquirido por nós sobre os programas em andamento para aquisição de material militar americano que estejam passando pelo Navy IPO, o Almirante Rixey confirmou que “há um case em estudo para torpedos Mk.46”.
Sobre possível fornecimento de plataformas flutuantes de segunda mão, como por exemplo navios de contraminagem, o Almirante Rixey informou que realmente o IPO prepara uma listas dos navios disponíveis e das solicitações de países estrangeiros, e encaminha esse material para aprovação ou não por instâncias superiores, e que o processo pode subir até o Congresso, mas argumentou que muitas vezes há um certo grau de confidencialidade.
O Almirante confirmou que submarinistas brasileiros deverão estagiar nos Estados Unidos, com vistas a aumentar a interoperabilidade entre a Marinha do Brasil e a U. S. Navy em operações de salvamento submarino.
Ao lado Contra-Almirante Rixey: “Está sendo discutindo entre o Ministério da Defesa e o Department of Defense a estrutura de um acordo que pautará nosso futuro relacionamento... Trata-se de um Master Information Exchange Agreement”.
Perguntado especificamente sobre o F/A-18E/F Super Hornet, o Almirante Rixey disse que em sua visão trata-se da melhor opção para o Brasil, e por uma questão de ética não quis comparar diretamente o Super Hornet com as aeronaves competidoras (“Isso é trabalho das autoridades brasileiras”, disse ele, em tom brincalhão). Entretanto, não se furtou a apontar os pontos altos do avião americano, na sua visão: “capacidade operacional, carga útil, histórico, e confiabilidade”.
O Almirante Rixey procurou deixar bem claro que o compromisso do governo americano é total em relação à intenção de ver o Super Hornet ser escolhido pelo Brasil, frisando sempre que possível que está garantida a transferência das tecnologias relacionadas na proposta americana. •