Ridgway's Paratroopers
- Post 16 Dezembro 2015
As quase 600 páginas desse livro podem ser consideradas leitura indispensável para todos aqueles que têm um interesse sério a respeito da história das operações aerotransportadas.
Publicada originalmente em 1985 e recentemente relançada pelo U. S. Naval Institute (Customer Service, USNI Operations Center, tel (1) (410) 224-3378, http://www.navalinstitute.org), essa obra de Clay Blair concentra-se na trajetória do general americano Matthew B. Ridgway e de suas tropas aerotransportadas (82nd e 101st Divisions) em algumas das mais importantes batalhas da Segunda Guerra, como Anzio, Normandia, Market-Garden e Bolsão, somente para citar algumas. O livro contém algumas informações espantosas, como por exemplo o quão perto várias operações estiveram do desastre e a grande quantidade de baixas amigas causadas simplesmente pelo fato de que os pilotos dos C-47 não estavam, em sua maioria, suficientemente treinados para achar as zonas de lançamento corretas em inúmeras ocasiões. Igualmente reveladores são os “insights” sobre o emprego de tropas transportadas por planadores, que ajudam a explicar porque, depois de usado com certa intensidade pelos dois lados durante o conflito, esse sistema foi definitivamente abandonado no pós-guerra. O texto destaca de forma inequívoca as brigas e rixas internas no Alto Comando Aliado, o que leva o leitor a deduzir que a realidade sobre algumas das principais personalidades do conflito é bem diferente daquilo que a máquina de propaganda aliada nos fez — e faz — crer. Que a história apresentada pelos beligerantes durante um conflito muitas das vezes distoa substancialmente daquilo que realmente aconteceu é uma verdade conhecida, mas que a cada nova constatação nunca deixa de nos surpreender. Os desencontros e discordâncias entre americanos e britânicos são confirmadas e descritas sem meios tons; Ridgway, por exemplo, faz comentários extremamente cáusticos em relação à falta de agressividade do XXX Corps britânico durante a Operação Market Garden, cujo lento avanço em direção a Arnhem resultou em enormes baixas entre os pára-quedistas aliados, principalmente os próprios britânicos. Recomendamos a leitura sem restrições, já que o texto equilibra de forma irretocável a frieza da “grande visão” e dos mapas de campanha com o aspecto individual da visão dos combatentes envolvidos.